segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Economia solidária

Luciene Sena

Desde os anos 70, muitas regiões, distritos e localidades enfrentam problemas estruturais de natureza socioeconômica como a reestruturação do tecido econômico, a redução do poder de compra, elevadas taxas de desemprego e baixo crescimento do emprego.

A insuficiência das políticas setoriais e de ajustamento econômico para resolver essas questões contribuiu para que as autoridades locais assumissem e assumam cada vez mais um ativo papel na vida socioeconômica do seu território. O estímulo à transformação produtiva, ao fomento da mudança cultural e à promoção de iniciativas locais de geração de trabalho e renda a fim de contribuir para a melhoria de qualidade de vida da comunidade são os principais objetivos.

Assim, os poderes públicos locais e sociedade civil começaram a orientar as suas intervenções, estratégias e políticas, visando a estimular o surgimento de iniciativas econômicas locais.

Um dos vieses que pode incrementar a economia local e alimentar os princípios do desenvolvimento local é a economia solidária, tema presente nas agendas dos administradores políticos e das empresas. É uma inovadora estratégia de incremento constituída por pessoas que buscam na cooperação, na autogestão, na autonomia e na democracia afirmar outra forma de produzir, uma outra economia com maior equidade, justiça social e dignidade humana.

No Espírito Santo temos exemplos como o Banco Bem, criado com apoio da Associação Ateliê de Ideias, que faz um importante trabalho nas comunidades de São Benedito, Bairro da Penha, Itararé, Jaburu, Consolação, Bonfim, Floresta e Engenharia, totalizando 31 mil habitantes. O surgimento do banco aqueceu a economia local com a circulação da moeda social, ampliou o acesso das pessoas às oportunidades, gerando mais trabalho e renda aos moradores.

As empresas podem e devem contribuir para que o desenvolvimento local aconteça, mas, antes de tudo, precisam estar conscientes de que promover o desenvolvimento local é muito mais do que apenas investir em projetos sociais. É primordial a constituição de fóruns participativos, seminários, onde seja feito o reconhecimento do território base das ações, história, características, possibilidades e, principalmente, para que cada ator social se reconheça ativo partícipe deste contexto.

O Comitê Temático de Inclusão Social do Espirito Santo em Ação discute e propõe projetos que agregam as temáticas aqui mencionadas e, principalmente, como otimizar esforços público, privado e da sociedade civil em prol de um Estado com desenvolvimento sustentável.

Nasce, assim, a visão sobre a necessidade das organizações de todos os setores sociais agirem sob orientação de princípios de responsabilidade com a sociedade e o meio ambiente. Seu grande resultado é a construção de uma institucionalidade local, capaz de levar à frente o projeto comum, tendo como base os princípios da cooperação, do pluralismo político e social e da solidariedade.

Luciene Sena é subcoordenadora do Comitê Temático de Inclusão Social do Espírito Santo em Ação e gerente executiva da Fundação Otacílio Coser


Reprodução: www.gazetaonline.globo.com/_conteudo/2011/02/773019/-economia+solidario.html